UMA SÓ NOTA
A corda única, de um velho violão,
Tem som de solidão,
Mas mesmo assim, toca e emociona.
Solitária, solta o seu brado,
De tão redobrado sentimento
Relembrando o momento
Em que fez parte de um show.
Um violão de muitas cordas,
Mas cada corda com seu papel
Sua nota bela, seu arranjo.
Assim, sente-se o ser,
Que viveu o apogeu,
Mas agora chora
A “nota” única da sua solidão.
Desafinado na angústia,
E ainda assim, emitindo um som.
Num tom de quem brada a sobreviver.
Ênio Azevedo