Um Alien Veio Conversar
- É um sonho?
- Não
- Estou em perigo?
- Não comigo, há outros que são perigosos, não sou um deles
- De onde você vem?
- De outra galáxia
- Porque me trouxe aqui?
- Porque é poeta
- ?
- Você tem algo que meu povo precisa
- Fala de poesia?
- Sim
- Veio de outra galáxia em busca de poesia?
- Vim
- Pode me elucidar?
- Nossa civilização avançou em ciências e tecnologia, e em cultura social, avançamos até onde você não consegue imaginar
- Entendo
- Mas nossa ciência mostrou que cometemos um grave erro
- Estou ouvindo
- Fomos insensatos ao pensar que a literatura seria supérflua, nós a desprezamos, esquecemos, e perdermos a capacidade de fazê-la
- Sério?
- Sim
- Mas vir de outra galáxia pra isso...
- Por causa desse grande erro, nossa civilização está morrendo
- Morrendo?!
- Sem literatura nossas essências vitais estão secando, porque já não sabemos o que é sentir
- O que não sentem?
- O prazer no lazer, no contato, na paixão, no amor, na vivência e na convivência, não temos mais a boa sensação em um momento de evolução
- Estão quase vegetando então
- Agora você entendeu, descobrimos algo, ou criamos algo, e não tem mais prazer, não tem sabor, é sem vida
- Nossa! Estão voltando a condição de seres primários, vivos mas consciência!
- Sim, meu pai entrou em hibernação, porque já não conseguia sentir fome, ou sede, ou medo, ou raiva, ou atração
- Ele dormiu para não morrer
- Isso
- Estão perdendo a sensação de si mesmos
- Sim, estamos perdendo nossos cronistas, não temos mais imaginação para arquitetura, pintura, escultura, música
- As outras artes magníficas desaparecem também então?
- As artes são uma família simbiótica interdependente, elas se amam, e precisam umas das outras
- Esqueceram o valor da beleza
- Desentendemos que a beleza é importante para o descanso, uma habitação segura, mas sem beleza, é um depósito
- Então o quer de mim?
- Te abduzi porque você não tem ninguém, é sozinho, encontrou alento na poesia
- E daí?
- Venha comigo, nos ajude
- Eu?!
- Sim
- Quer saber? É loucura, mas sou poeta. Vamos!