Eu mulher negra da periferia
Nunca antes compreendida
Olho o relógio parado
Para esquecer a dor da opressão
Quando, enfim, gritei os lobos nasceram dentro e fora de mim
A mulher negra que sou tem infinitos abertos aos céus de outono
Não pisei em nenhuma flor para crescer
Também não matei pássaros para ser ninho
Quiseram embranquecer a minha poesia
Fui largada no meio do verso pelos tigres
Iansã guardou-me da maldade
Amaram-me pelo que idealizaram de mim
Eu também tenho defeitos e vestidos rasgados
Não porque sou preta
Mas porque sou humana e piso em pedras sempre
Esqueci a lamparina acesa e o querosene acabou
Eu sou a preta pobre que come feijão com arroz pra soluçar lutas
A sua tinta vai pintar muros cegos e não minhas ideias
Vivo entre um tropo e uma oração de terço
Esta mulher preta borda esperança em chão de ninguém
É preciso ser tempestade à branquitude
Nunca antes compreendida
Olho o relógio parado
Para esquecer a dor da opressão
Quando, enfim, gritei os lobos nasceram dentro e fora de mim
A mulher negra que sou tem infinitos abertos aos céus de outono
Não pisei em nenhuma flor para crescer
Também não matei pássaros para ser ninho
Quiseram embranquecer a minha poesia
Fui largada no meio do verso pelos tigres
Iansã guardou-me da maldade
Amaram-me pelo que idealizaram de mim
Eu também tenho defeitos e vestidos rasgados
Não porque sou preta
Mas porque sou humana e piso em pedras sempre
Esqueci a lamparina acesa e o querosene acabou
Eu sou a preta pobre que come feijão com arroz pra soluçar lutas
A sua tinta vai pintar muros cegos e não minhas ideias
Vivo entre um tropo e uma oração de terço
Esta mulher preta borda esperança em chão de ninguém
É preciso ser tempestade à branquitude