PRIMEIRA POESIA
Tatuo na pele do papel
o que n'alma me vai:
o verso que vara o céu
e nos teus olhos cai...
Escrever é do verbo achar
o que parece perdido:
o rabisco submerso no mar
de todos os sentidos...
O verso é para ser posto
diante de íris vorazes:
olhe o que faz no rosto
a poesia sem maquiagem...
Quem escreve tem a coragem
de ancorar no porto da imaginação:
de trocar palavras e seguir viagem
no mar imenso do coração...
Feliz do poeta que busca
o que o outro perde:
o ouro poético que corusca
e que à quem nada tem,
serve...
Ame, deixe, deixe, ame,
só não deixe de amar:
se só, não reclame,
alguém vai chegar...
A cabeça tranquila no travesseiro,
o sono que repara as lutas do dia-a-dia:
viver e navegar, eis o mote primeiro,
o choro miúdo da primeira poesia...