Abrindo a porta da memória (IN MEMORIAM)
Poema dedicado a meu irmão Antonino.
Informes amarelos repousam em arquivadores da memória
espalhados
abeirados por uma inumação de crisântemos
que partem
enquanto aparecem estalagmites nas meninas
nada fugidias
nada temporárias
Insistentes
atravessam o onirismo da noite
confluem na interpretação lacrimal
invasora, no ocaso
O silêncio neste caso, semelha uma constante
a cordilheira anelada
a expectativa capaz de lograr o equilíbrio
Não obstante
os pombos esquizoides olham desde a repisa da janela
inermes, espreitantes
Digitalis purpurea invadem a coluna vertebral
vestem-na de trepidas heras
que deambulam pelos prados da infância
As moscas, esse complemento aborrecido do verão
que pousam na cara, nas orelhas
Ah as odiosas!
Adormecem na incredulidade
e aguardam a manifesta declaração dos exaustos
que cruzam as estelas tristes dos ausentes