O GRANDE MAREMOTO

O GRANDE MAREMOTO

Catástrofe, tragédia ímpia e brutal

Que enlutou famílias, países e continentes!

Fenômeno imensurável, descomunal

O oceano esbravejava ao cetro do tridente !...

Fúria insana, arrastando tudo à sua frente

Incontido nas areias em que se espraiava

Arrojou-se terra adentro, impávido, turgente

Tal anjo da morte, que milhões de almas ceifava

Qual espectro * em abstruso ** mistério do mar

Engendrando o iodo do oceano todo

Em anomalias da maré a anojar ***

Aqueles que na praia foram-se banhar!

Mar...Oh! Mar Que assim resolves bravejar

Já ocupas a maior parte da superfície

-Não te basta para tuas ondas rebentar!

Para vires, ainda, maltratar a planície!...

Nesta tua fúria insana, incontida

Ceifas-te milhões de vidas à vida

Ondas...atrozes, gigantes indomáveis...

Ondas ferozes, monstros inaceitáveis!

Ultrapassaste a dura penedia

Para vires estrondear e retumbar

Assobiando, espumando até tombar

Como o urro do leão na pradaria,

Que a todos arrepia e amedronta

Arrojaste por ínvios caminhos

Tal flama iria que o vulcão remonta

Deixando um rastro de morte e desalinho

Na plaga imensa, de tua imensidão

Bem podias ter contido teu furor

Sem trazer ao mundo o amargor

Devastando toda aquela região,

Despindo entre mil vagas teus sentidos

Ondas...sobre as ondas mar a dentro...

Não temes precipícios, nem bramidos

Só ficas a mercê do epicentro.

E quando ele chega, te envolve e arrebata

Espumas, retumbas e estrondeias

Porque não buscas exílio na hidropata

E curas a ígnea fúria que permeias.

Armando A. C. Garcia

SP 27/12/2004

E-mail: armandoacgarcia@ibest.com.br

Armando Augusto Coelho Garcia
Enviado por Armando Augusto Coelho Garcia em 17/11/2005
Código do texto: T72732