DAS RELAÇÕES INCONCEBÍVEIS
devagarzinho, o leão me consome a idéia geral,
crava suas presas aos meus protestos inúteis!
devorador de meias palavras, é tão inteiro.
é atroz.
e eu, que gostando vou cogitando, sabendo evitar,
não o vejo saltar sobre mim ou rugir sua fera,
sou cega,
ao contrário de sua natureza, dócil!
vai mordendo invisível com seus dentes enormes
minhas mãos pequenas na inocência de acariciá-lo,
tão entorpecente na mordida que não sinto furar...
ele parte os ossos com perícia hipnótica.
eu permito.
vou sentindo sumirem os sentidos no meu não sentir,
desacordando num solo úmido e sem chances de vida
mas presa e caça tem lá seu amor inexplicável.
eu deixo!