O Mundo Perfeito
Se eu pudesse criar um mundo perfeito,
Sem garras de regras ou religião a nos guiar,
Onde a dor e o ódio seriam desfeitos,
E nenhum sentimento pudesse nos machucar.
Sem a imposição da noite ou do dia,
Sem distinção de sexo ou de cor,
Onde a beleza e a feiura se perderiam na poesia,
E a idade não seria mais um temor.
Um mundo sem raça, sem fronteiras ou muros,
Sem o peso do tempo ou da eternidade,
Onde o vazio seria um convite seguro,
E a essência de cada ser seria a verdade.
Cheguei chorando sem saber o lugar exato,
Mas me aconcheguei neste corpo, nesta terra,
Sou um estrangeiro adaptado, um ser abstrato,
Sem lembranças do mundo que outrora me aterra.
Não sei se me perdi ou me encontrei,
Apenas sinto a certeza de uma partida iminente,
E ao partir, não restará nada do que deixei,
A não ser a promessa de um retorno consciente.
Se ao chegar eu derramei lágrimas para me descobrir,
Ao partir, sorrirei ao relembrar o meu lar,
De onde vim e para onde irei regressar sem resistir,
Sem memórias, apenas a alma pronta para se encontrar.