anemia estética

um direito à beleza!

à leveza, à alegria da fruição

um direito sagrado

negado, silenciado, escondido, maquiado,

negligenciado,usurpado ..

roubaram o direito ao riso, à alegria

à boniteza

à beleza!

um direito à vida!

o direito de fruir o por do sol sem medo

de testemunhar a lua sentindo saudade do sol

de gozar as bonitezas,

de fruir bonitezas

de um porre de bonitezas

de lavar corpo e alma

em catarses

e tomar banho com o brilho das estrelas - de toda elas

de tomar banho de chuva sem receios

de colher flores sem pudores

de comungar risos como as rosas que se abrem e colorem os ares sem pecados

de amanhecer o dia sorrindo por dentro cantando com os passarinhos

de dormir em suas casas - ninhos no calor de suas asas

de dormir com passarinhos

e cantar com eles suas cantigas

dançar com a melodia dos ventos coloridos fluidos densos

a uivar sedentos nas profundezas das horas teimosas por existir

oprimir o direito à beleza

de luzir, exprimir e colorir vidas

porque fome e sede

de beleza

estremecem os alicerces da alma

e o corpo padece e apodrece

mesmo com as veias sangrando

é anemia estética estabelecida

quando o pão e a sede

a água e a fome

saciam calafrios

a anemia da alma

é quando deixa o corpo à míngua

que falece como andante,

como andarilho,

caminhante

sem apodrecer em cemitérios

corpo torto, esquelético

que ainda pulsa um coração

com força

num corpo maltrapilho, esguio,

sentindo o frio da indelicadeza,

castrado pela estupidez humana

polida pela insensatez

dos que oprimem direitos

ao sagrado que brota

dos mananciais mais fecundos

da alma de cada ser

com sua virilidade poética

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 05/06/2021
Reeditado em 06/06/2021
Código do texto: T7272263
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