Brumas
A bruma da memória
é como um dia
que amanhece frio.
No nevoeiro fluido onipresente
todas as lembranças
se dissolvem em uma só.
Infinitas gotículas
suspensas, imóveis.
Uma silhueta
parece tomar forma.
Olhos verdes brilham timidamente,
afundando no emaranhado de momentos
que sequer presenciaram.
Num estalar de dedo
como um dente-de-leão soprado pelo vento,
pulverizam no horizonte.
Só quando o sol dissipou
toda essa cortina branca
me dei conta,
mera ilusão.