Brumas

A bruma da memória

é como um dia

que amanhece frio.

No nevoeiro fluido onipresente

todas as lembranças

se dissolvem em uma só.

Infinitas gotículas

suspensas, imóveis.

Uma silhueta

parece tomar forma.

Olhos verdes brilham timidamente,

afundando no emaranhado de momentos

que sequer presenciaram.

Num estalar de dedo

como um dente-de-leão soprado pelo vento,

pulverizam no horizonte.

Só quando o sol dissipou

toda essa cortina branca

me dei conta,

mera ilusão.

Márcio Filho
Enviado por Márcio Filho em 04/06/2021
Reeditado em 04/06/2021
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