Conectado
De repente,
como um foton de luz efêmera
de sóbrio me tornei demente
e a minha vida nunca foi tão ligeira.
Conectado, percebi como tudo
ficou próximo, iminente.
E a engrenagem social
maquiavélica, desumana,
em parceria com a rede digital,
tormou-me um escravo,
um dependente
da era virtual.
Não existem mais segredos,
tudo é compartilhado,
as intrigas, as fofocas, os medos
deixaram de ser assuntos
daquele nicho local
para serem, agora, banalizados.
O celular passou a ser o confidente,
o guardião da intimidade.
Tornpu-se o amigo de todas as horas,
de todos os momentos,
de todas as idades.
Quando se quer reclamar
de si mesmo,
do infortúnio,
das angústias,
ele, com o se fosse gente,
manda a tristeza embora
compartilhando-a em rede,
com milhões, mundo afora.