Poeta desamparado
Aceitei o desprezo prolongado dos deuses da criação.
Tudo por um pedaço ou migalha eventual de luz.
A palavra fugida não pertence a este meu mundo interior sem órbita.
De um corpo vagante pelas ruas escuras pautadas de mediocridade.
Da graça alcançada e agradecida com sangue, suor e lágrimas
em sacrifício de vida produtiva.
E o altar dos objetos de desejo recebidos da mão do acaso.
Sem dor, sem lágrima, só com a esperança de desfrutar mais uma vez das dádivas de Dionísio
e de todas as divindades do lado bom do existir