Uníssono
Se fora da cama eramos dois, num inferno atemporal de torturas e torturas que não se acabavam mais.
Nossa cama era um paraíso, um céu quando exaustos sobre o leito procurávamos Morfeu...
E oníricos, num instante sobre a égide do tempo, do calor, dos toques clementes, lascivos...
Nas madrugadas, tardes, manhãs... De repente num encontro, nossos corpos eram um.
Na pele, no mel, dos olhos ao céu, o fator cama nos despertavam desejos de paz.
relembravamos
As nossas juras, nossa aliança, o nosso filho: uma vontade de acertar.
Forjadas nos beijos, na maciez, no calor da nossa pele em chamas, mil visões Kama Sutra, as cavalgadas, as estrelas, o prazer:
O nossos corpos laçados num encaixe perfeito:
Na dança incessante, da arte de amar
que vinham e que iam, nas chamas que ardiam.
Nas incontaveis primaveras desses lençóis batismais. Em que os nossos corpos blasfêmios renasciam outra vez:
Por alguns dias, as vezes horas:
Para voltarmos novamente, os conflitos,
sermos dois:
Frios, divergentes, distantes, estranhos numa casa que (uníssono:)
(Nós dois fracassamos em torná-la num lar.)