Soneto XXVIII

Quanto ela caminha e é de vera

Que ela dança, de tanta beleza

Mantém, em mim, a chama acesa

Que, um dia, apagada estivera.

Caminha tanto, dança tanto

Que acabo a perdendo de vista

E, parado, ali eu assista

A trágica despedida. No entanto,

Hei de amanhã vê-la novamente

E, minha alma já não reluta

Pois, já sabe, que infelizmente

Sendo ela uma santa ou uma puta

Meu coração, desesperadamente

Já não responde à minha conduta.