Signos

Sou a criança.

Siga-me. Eu sei o caminho.

Não! Não é por ai.

É por aqui.

Vou brincar

Se quiser brincar comigo

Vai ter de deixar eu ganhar

Não sou uma criança emburrada

Não sou, não!!!

Que?

Uma pergunta?

Uma, duas, três perguntas! Várias!

Faça! Faça!

Adoro responder.

Sabe do que gosto?

Ah! Pular feito canguru,

Correr como a lebre branca

Ou seria coelho?

Lebre, lebre, lebre

Eu disse lebre!

Flores?

Não! Eu gosto das árvores

Subir, descer, dar cambalhota.

Chega de perguntas

Cansei dessa brincadeira

Eu disse, chega!!

Quem manda na brincadeira sou eu!

Eu sou coração

Pulso tão bonitinho

Gosto mesmo é de um carinho

Mas, só pra mim.

Um colo, um beijinho, um abraço.

Não divido. É só meu! Senão eu me irrito

Choro e fico cego... e...

E lá se foi o que eu tinha na mão!

Eu avisei.

Sou destemido

Às vezes me chamam de teimoso

Mas não sou. Garanto que não.

Só às vezes, mas quando descubro

Já passou tanto tempo

Eu deixo como está

Afinal de contas

O melhor de uma boa briga

É que sempre acaba em beijinho.

Poxa!

Eu só queria um carinho...

Eu sou...

O que acabei de ser

Agora mesmo, antes de ter sido

Já fui.

Heim? Me chamou?

Falou comigo?

Quem sou eu?

Quatro braços

Quatro pernas

Duas cabeças

Posso ser quem eu quiser

Quer me conhecer?

Preste atenção

Olhe bem pra mim...

Viu?

Estou o oposto do que pensou

E o oposto do oposto também

É isso que sou

Um pouco aqui, um pouco ali

Do que a gente tava falando, mesmo?

Ah! De quem eu sou

E porque você quer saber?

Que te interessa?

Eu sou quem eu quero ser

Mas por enquanto

Me lembra uma coisa?

De quem a gente está falando?

Sou a afeição

Da casa que construí

Com todos os meus carinhos

(Paixão e ódio)

Sou flores por todos os lados

Tranqüilidade

De esconder meus espinhos

Não por mal. Não por mal.

Só machuco

Mãos malvadas

Que tentam roubar

O QUE É MEU!

Só isso.

Depois encolho triste

Derrubando o amor

Por não ser compreendida.

I’m the KING!

Curvem-se diante a mim!

Sou astuto, imponente

Sei bem o que quero

Balanço minha juba

Só pra mostrar quem sou

Mas não chegue muito perto

Fique com essa minha imagem

E mantenha distância

Não quero que descubra

O meu lado bonzinho

Seria terrível.

Seria terrível.

Terrível sou eu e minha juba

I’m the KING!

I’m the KING!

Quem sou?

Olhe bem para minhas mãos

Vê?

Calos. Muitos, muitos calos

Sou muito frágil

Mas não esmoreço

Vou. Vou. Vou. Sem parar

Sem cansar

Veja o peso nas minhas costas

É quase o mundo todo

Ou mais do que isso

E você quer saber quem sou?

Eu sou trabalho!

Antes de dizer quem sou

Preciso pensar.

Sim. Pensar

Tenho uma festa pra ir

São tantas dúvidas.

Você não tem pressa, tem?

Poderia me ajudar.

Com que roupa eu vou?

Espera. Deixa eu pensar

Sua sugestão é boa, mas

E a outra? Fica tão bem, também.

Ai, ai, ai, não sei.

Ò dúvida cruel.

E agora?

Veja!

Que tal dançarmos um pouco?

É, bem juntinhos

Assim. Não está bom?

Mas, com que roupa eu vou?

Silêncio

Silêncio

Deixe apenas minha emoção cantar

Não precisa mais nada.

Ouça!

Ela serpenteia, serpenteia

Sensual.

Olhe nos meus olhos

Não tenha medo. Vai ser bom!

Ouça. Sinta. Veja nos meus olhos

Isso. Deixe-se levar

Isso. Assim, mansamente...

Agora já me pertence

E se tentar fugir...

Não vou te prender

Mas, tenha certeza

Você levará para sempre

A marca do meu ferrão

No seu coração.

Eu sou viagem

Todos os lugares.

Saaras, mares e montanhas.

Sou corajoso. Sou sim!

Quer me acompanhar?

Uma grande aventura

Sem destino, sem caminho certo

Venha! Vou mostrar

Lugares por onde andei,

Pessoas a quem amei

Medos que não vi chegar

Sempre em frente

Peito aberto

Desvendando mistérios

Corro o mundo

Mas nunca esqueço do meu lar.

Sou um tronco

Ficando ao chão

Nada me faz mudar. Nada!

Eu cresço na direção certa

Busco o sol.

Tronco fincado ao chão.

Crio raízes fortes

Lentamente avanço

Rumo ao céu

E chegarei lá

Forte, rígido, certo.

Daí, então, darei frutos

Para alimentar

Pequenos arbustos que me cercam

Pequeno e tolos

Que esqueceram de formar raiz

Raiz que tenho

E ronda o mundo aos meus pés

Sou tronco rígido

Ninguém é capaz de me tirar do lugar.

Viva! Eu sou vida!

Uma gangorra. Uma piada.

Muitas, muitas, muitas risadas

Estou lá na frente

Você vem também?

Não precisa entender.

É só sorrir.

É voar pelo ar, assim como eu

Não! Não se prenda a nada

Solte tudo. Deixe tudo

Apenas voe e sorria

Tem um mundo lindo lá na frente

Vem? Vem voar

Todos os meus amigos voam

Sempre voam quando estão comigo

Isso! Sorria! Sorria!

Feche os olhos

Segure minha mão

Viva!!!!

Todo o resto é só o resto

Esqueça tudo.

Isso sim que é vida!

Eu sou o guardado

Um velho silencioso

Conhecedor dos mistérios

Mistérios que os olhos não vêem

Nos caminhos da dor para a purificação

Transbordo sentimentos

E como é bom chorar

Por qualquer razão

Ou até mesmo sem razão

Tão somente obedecer a voz do coração

Sou o mistério que se oferta

Introspecção

Acúmulo de conhecimentos guardados

De quando fui ímpeto

De quando fui prazer

De quando fui irreverência

De quando fui carinho

De quando fui pompa

De quando fui cadência e trabalho

De quando fui justiça e romance

De quando fui emoção e sexo

De quando fui aventura

De quando fui rigidez

De quando fui alegria...

E sigo a jornada

Conformado em sofrer tanto

Por ser cada um em mim completo

Paula Cury
Enviado por Paula Cury em 17/11/2005
Reeditado em 17/11/2005
Código do texto: T72647
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