O FILHO DO VENTO

Tudo é tarde demais.

Seja agora,

ontem,

ou amanhã.

Meu momento é a superfície profunda

do indeterminado finito do sempre,

do urgente,

que foge ao mundo,

ao transcendente,

e brinca com o tempo.

Há em mim um sempre sem esperança ou eternidades,

niilista,

impertinente.

Tudo é tão intenso

enquanto dura

que ignoro a intuição do nada

e a verdade do silêncio.

Sou imagem e semelhança do vento,

livre e selvagem,

nas vertigens do pensamento

como corpo e matéria em movimento.