Mártir inexistente
Mártir inexistente
Sandra Ravanini
Súplice instante desta hora que se trai
rompendo o elo da conquista em tocaia amante,
ocultando os desígnios do semblante
no flerte despiedoso, ó mártir que se vai.
Um grito exonerado ecoa reticente...
qual um ópio em oferenda ao narcótico,
se bebendo do espinho o gosto exótico
padece a outra voz rogando à inexistente.
Tangível resto embriagado em secreção
dormente, talvez, gotas rindo em silêncio
sorvendo o éter inebriante atrás do lenço,
amortecendo a boca alegre em contração.
Súplice grito do semblante inexistente,
tocaia em que se trai a gota âmbar desta taça
rompendo o grito aos desígnios da mordaça
e do amante espinho...ó mártir reticente!
06/08/2007
13H50