Da Existência
Desisto, então durmo
Deito na cama, rolo e me cubro
Pensando na trama, pensando em tudo
Me calo na fama do teu absurdo
Desisto, então quero
Silêncio na noite, me desespero
Amor de amante, sorriso sincero
Me sobra carinho, se logo te espero
Desisto, então busco
Olhos de gato, ronrono no escuro
Mio bem baixo, no quente me abuso
Mas logo me esfrio, se cego te busco
Desisto, então sigo
Caminho direto, pra onde? não ligo
Se fujo de ti, te levo comigo
Pra dentro de mim, seguro abrigo
Desisto, então fujo
Corro de mim, me afogo em surtos
Olhando pra trás, de cara no muro
Lembrando de um tempo de eterno luto
Desisto, então tento
Choro de raiva, calo, me atento
Entrego-me a praça, logo me lembro
Faço chover, faço meu tempo
Desisto, então luto
A força que tenho, a forca do bruto
Aguento calado, me enforca o murmúrio
De te desistir, aos poucos meu mundo