RECURSO
RECURSO
Na minha canção
Que nada diz
Estende-se a mão
a alguém único,
Revelando a solidão
E também a esperança.
Na ausência de sentir
A carne em viva poesia
Descortinou seus seios
E apontou seus anseios
Na minha face.
Dicionário do corpo
Vocabularizando-me
Sem palavras a proferir.
Me fere, me afeta; morde.
O amor é um mito
E omito que é caos.
Mas a ordem
Não altera os fatos:
Esse anjo maldito,
Que agora hesito,
Me redime do assombro
De viver de mãos dadas
Com a sorte.
Lá dentro – escombros –
Que agora pouco escondo.
Com a gente,
Não me sinto indigente.
É o vento que despetala a rosa.
E o tempo roça em minhas coxas.
Recuso o recurso.
As horas
não
existem.