Borboleta azul
A borboleta azul que em minha mão pousou
Amo-a, e porque a amo
Acolho, e amo, também, sua liberdade.
Se a não amasse, mas antes pretendesse torná-la minha
Em egoísta subjugação e apego,
Prenderia tuas asas aos meus braços, e cegaria sua brilhante luz que veleja os céus.
Como amo-a, reconheço que sua liberdade, sua feliz liberdade,
Faz-se no suave respeito ao seu natural desejo de voar.
Quando, portanto, o azul de tuas asas levanta de minha mão e tinge o azul 'inda mais profundo do céu
Respeitosamente alegro-me com sua partida, seu corajoso desbravar do novo.
Não lamento. Não choro aos deuses ou clamo sua prisão a mim.
Reconheço, e em meu coração acolho, meu breve sentimento de luto pelo que foi. Compreendo com clareza a natureza disto que sinto, e sua fugacidade.
Não disparo em impetuoso anseio de buscar aonde irá pousar a borboleta azul.
Antes: olho ao meu lado
E contemplo a linda flor violeta que adormece ali.