Angústia das palavras
Sou poeta, renasci, com palavras não vou me inibir;
Escrevo com gosto, porque o sabor é sempre exótico;
Torturo palavras até expressarem o que eu quero e começo a rir;
Pouco a pouco, prendo teus olhares no meu estilo hipnótico.
O calabouço onde se guardam palavras renegadas, está lotado;
As vozes, as letras e os pensamentos estão em uma poética conferência;
Um absurdo coberto por delicadeza, um amor mal arquitetado;
Ignorando a realidade e se embriagando daquilo que acreditam.
Se eu estou bem, logo todos estão;
Por que 2 é o único número primo que é par? Preconceito?
Por que rosa é cor de menina e azul é de menino?
O que os olhos não veem, o coração não sente.
Ah, como eu queria que tu viesses me explicar
Por que margaridas são tão bonitas quanto rosas
Por que o etnocentrismo reina na língua do povo
Por que o mundo é tão vasto, mas o Homem não pode aproveitá-lo por inteiro
Por que o que o Homem quer, o Homem toma, rouba e mata...
Ah, como queria que tu me dissesses
Quem nasceu primeiro, o amor ou o ódio?
Por que as pessoas buscam verdades numa folha de papel?
As palavras do Homem não valem nem um centavo
As atitudes ao menos ainda têm algum valor, mas a que preço...
Nasceu de Deus, ou explodiu no universo
Chamam ele de ateu, de escritor impuro e disperso
Como chamas um filho teu, descrevo em meu último verso
Se não vês o mundo com olhos meus, então já poderás partir.
Não enxugue minhas palavras, nem tampe minha boca profana,
Os olhos e sentimentos te acatam, acariciam e enganam-te.
Poesias explosivas, que quebram palavras de amor;
Na fenda do impuro desejo de um homem,
Não há amor, somente paixão, há vermelho e há solidão.
Por isso, aquece-te com leitura, mas defenda-se com palavras
Porque destas se tira bom proveito, sem de alguém levar um bem;
Palavras são recursos que o tolo não usa, que oradores desperdiçam e que podem levar à mágoas;
Palavras são como superpoderes, elas podem mudar o mundo e as pessoas, mas nunca assim o fará. Pois para o Homem, elas só servem para vender e comprar.