Essência
Somos parte de um todo indivisível.
Somos singular e plural.
Somos bem e mal.
Somos água querendo ser fogo.
Que incendeia a alma e o corpo.
Somos terra querendo ser céu.
Que liberta o véu por trás da razão.
Somos também matemática.
Se um pequeno parafuso da engrenagem paralisa,
O todo reclama.
Este corpo humano que nos acompanha
E aqui fica.
Este circuito perfeito que nos apadrinha
Não é nosso.
A alma sim.
Ela é a causa da interrogação, se ela existe.
Que de tão alva incendeia mais que sol ao meio-dia.
Se mistério, se candura.
Certo dia, certamente, saberá o vivente (saberemos).
Não há ideia que agrade senão revestir a verdade,
Esta verdade, só sua (que invade)
E entorpece.
Se prece, se agrura.
Que seja nua e crua, mas sua.
Este ser que não se divide.
Não espera.
Quer urgente.
Clama ao vento: emoção.
Fruto de um elemento perene e duradouro:
o coração, eis que sangue, mas não somente.
Somos a equação perfeita.
Sem receita.
Sem começo,
meio
e
fim.