Retalhos
Domingo cinzento,
céu encoberto,
dia manhoso, carrancudo.
O silêncio incomoda.
Falta o ir e vir, o tele-teco
das pessoas na rua do comércio.
A animação nas feiras,
o converse nos botecos,
os grupinhos, a roda de capoeira.
Visto assim, é um domingo triste.
Visto por outro ângulo,
dissimulado, sem poeira,
Sem movimento, parado,
com temperatura amena,
vinte e quatro graus e uma brisa suave,
bastante sossegado,
e' um dia perfeito, agradável.
Nele cabe um poema.
Vou chama-lo
"Retalhos"
Por que lembra fragmentos,
um piscar de olhos, um lamento,
a falta que você me faz
nesse momento tardio
da minha peregrinação.
Então, lembra a vida,
pedaços de dois corações,
desencontros, esperas.
O eu te amo que nunca
te disse lá atras,
naquela casinha de madeira,
sob o perfume da primavera.
Retalhos de nós dois
são detalhes, particularidades
de uma história de amor singular.
Aquele beijo no carro,
o passeio para Campos do Jordão,
o almoco na Barra do Ribeira,
o banho de cachoeira,
as nossas conversas pela praia,
as nossas intimidades,
os nossos sonhos de uma vida em comum,
entre outras muitas coisas,
a nossa enorme felicidade.