Retalhos

Domingo cinzento,

céu encoberto,

dia manhoso, carrancudo.

O silêncio incomoda.

Falta o ir e vir, o tele-teco

das pessoas na rua do comércio.

A animação nas feiras,

o converse nos botecos,

os grupinhos, a roda de capoeira.

Visto assim, é um domingo triste.

Visto por outro ângulo,

dissimulado, sem poeira,

Sem movimento, parado,

com temperatura amena,

vinte e quatro graus e uma brisa suave,

bastante sossegado,

e' um dia perfeito, agradável.

Nele cabe um poema.

Vou chama-lo

"Retalhos"

Por que lembra fragmentos,

um piscar de olhos, um lamento,

a falta que você me faz

nesse momento tardio

da minha peregrinação.

Então, lembra a vida,

pedaços de dois corações,

desencontros, esperas.

O eu te amo que nunca

te disse lá atras,

naquela casinha de madeira,

sob o perfume da primavera.

Retalhos de nós dois

são detalhes, particularidades

de uma história de amor singular.

Aquele beijo no carro,

o passeio para Campos do Jordão,

o almoco na Barra do Ribeira,

o banho de cachoeira,

as nossas conversas pela praia,

as nossas intimidades,

os nossos sonhos de uma vida em comum,

entre outras muitas coisas,

a nossa enorme felicidade.

Flavio Jose Pereira
Enviado por Flavio Jose Pereira em 15/05/2021
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