Era mesmo ela...
naquela sexta-feira esgotada
em plena avenida descorada,
que meus olhos cegos negavam fitar.
Submersa a esperança falsa da juventude,
resignei-me com os dias vazios, incompletude,
e a perda do único amor que me podia salvar.
Então ela aparece, diante dos pedestres,
ao meu lado, no sinal fechado
um sorriso perverso de alegria na boca
que por milhares de vezes ousei beijar.
Era mesmo ela, inteira, sem angústias
renovada pela distância e pelo meu desprezar...
A cidade inteira parou naquele cruzamento
e meu coração também não se fez de rogado...
Era mesmo ela, maldosa como uma deusa
serpente que espreita no relvado...
E por fim entendi a equação da perda:
é perder-se e achar-se sem cuidado
amargar o que podia ser e restou devastado.
Crédito da imagem: https://www.americanas.com.br/produto/1965488701/placa-de-churrasco-decorativa-sinalizacao-transito-pare-stop