Vida é melhor sem bolor

Cada dia

Fico mais atarefado

Comigo mesmo

Limpando cantos da mente

Dando brilho na ala central

Tropeçando em tantos pensamentos impossíveis

Separando brigas

Pelo caminho

Varrendo carinhos não dados

Sonhos arquivados em gavetas emboloradas

E o insípido dos beijos sem graça.

Cada dia

Penso mais em pensar menos

Evitar becos com verbos possessivos

Não carregar palavras-tralhas-gastas

Pronomes indefinidos

Complexados

O melhor me parece é ir ao essencial

Usar verbos transitivos diretos

Sempre que possível

Palavras leves, sem culpas

Me despir do cinza

E sair por aí de jeans e camiseta

Caneta e papel

Céu, horizonte...

Sem anexos, arquivos, sem resquícios ou bolor..

CÉLIO PIRES DE ARAUJO