Severo

Desconheço a mim mesmo

Sou outro, num mesmo corpo

Corpo velho, grisalho e seco

Descubro partes de mim

Fragmentos soltos

Peças à espera de ajustes

Desnudo os olhos

Pouco importa o que vejo

Sinto ausência de mim

Desdenho dos desejos

Ritos, rotas e destinos

Só ouso o silêncio

Nada escuro!

Tudo claro!

Sem fio, nem meada

Resta um corpo, sem órgãos, nu e besta.

(Texto de 4 de dezembro de 2019)