Conflagração

- É guerra! Gritaram eles à noite,

Na mira dos mísseis e no soluçar do açoite...

Pergunto: quando foi que tivemos paz?

Desde a bruta desgovernança

Que só nos resta a esperança;

Mas o ódio estronda e meu corpo jaz.

Em segundos, uma história morre,

A vida se esvai com o sangue que escorre.

Ora, como impedir a conflagração?

Se fazem o povo receber essa dor

Como uma benção do Senhor...

Uns chamam profecia, eu digo ilusão.

O Deus, do qual creio e me certifico

Não aceita conversa com armas nem conflito.

É o homem, a sua própria decadência!

Enquanto a vida for um bem material,

Eficaz apenas com poder e capital,

A causa do martírio será uma consequência.

No mais, como súplica e recado,

Deixo aqui, minha prudência, talvez pecado:

Somente queria uma existência sorteada;

Com prazeres, ansiedade, fantasia,

E com tempo para tal regalia.

Ah! Tinha esquecido, eu fui bombardeada.