Do outro lado
Hoje acordei morto,
estava de paletó e calça social.
Me senti fantasiado,
mas não era Carnaval.
Levantei, não quis tomar café,
passei pela porta sem abri -la.
Achei aquilo maluco
e fui andar a pé pela vila.
Encontrei o vizinho caminhando,
fui lhe fazer companhia.
Ele continuou andando
sem responder ao "bom dia".
Comecei a ficar intrigado,
aquilo não era normal.
Eu falava, ele não ouvia
até que li no jornal.
Eu tinha acordado morto,
morto agora estou.
Da morte que sobreviveu
da vida que matou.
Sou uma alma andarilha
perdida num labirinto.
Preciso encontrar uma saída
que me leve ao infinito.