Advento do prazer
Exacerbada fome do corpo,
Na querencia do teu ser,
Advento do prazer,
Ávida vontade de ti,
Vigor desse querer sem fim,
Rogo o silêncio do querer,
Eis que os olhos comem-te à bel-prazer,
A chama consome a luxúria,
A fome parece pura maldição,
Afito está o desejo por essa excitação,
Permita-me gemer em teus ouvidos,
Domar o medo e navegar-te aos dedos,
Querer-te em todos os sentidos,
Fazer da ilusão o ápice,
E descobrir em ti cada ponto cego,
Nessas curvas enfrentar o perigo,
Temperar com delicadeza o êxtase,
Abrir essa porta com dedos mágicos,
Recitar com a língua o silabar poético,
Na chuva de suores em nós,
No advento que consome-nos a voz,
Onde em movimentos ressuscitam as vontades,
A saliva e os beijos matam-nos a sede,
Nessa entrega que ninguém mede,
Não se nega fogo à palha,
Permita-me na tamanha ousadia,
Levar-te ao céu sem ter asas,
Enquanto me queimas com tuas brasas,
Nesses lençóis impregnados com nossos aromas,
Mostra-me o caminho das somas,
Na multiplicação dos gritos,
Divida comigo os teus seios,
Tal como devido o meu meio,
O mastro para ancorar
na tua profundidade,
No leito que conduz-me à liberdade,
Campo das terminações nervosas,
Onde a poesia calam as prosas,
Bem no botão da rosa,
Onde teu canal guiam o desaguar do meu rio,
Fazendo nascer a comunhão das nossas almas
Entregues ao sentir sadio (...)
(M&M)