O Trovador

“Acorda, patativa, vem cantar

Relembra as madrugadas que lá vão

E faz de tua janela o meu altar

Escuta a minha eterna oração

Eu vivo inutilmente a procurar

Alguém que compreenda o meu amor

E vejo que é destino meu sofrer

E padecer, não encontrar

Quem compreenda o trovador

.......................................”

(Vicente Celestino, in “Patativa”)

A luz da lua escorria, amarela,

dos beirais das casas e eu pensava nela...

Vi-me trovador e seresteiro,

dedilhando o violão, em acorde fino,

cantando, com o coração inteiro,

uma música antiga de Vicente Celestino!...

A luz da lua escorria, amarela,

dos beirais das casas, e numa janela,

a minha Diva escutava

(irônica ou emocionada?)

a canção que eu cantava,

de alma exposta na fria madrugada...

A luz da lua escorria, amarela,

dos beirais das casas, e ela,

para o meu espanto, desceu do pedestal

de Diva, e acenava para mim e sorria...

E, até hoje, não sei se esse gesto, afinal,

era de vaidade, paixão ou ironia!

Santiago Cabral
Enviado por Santiago Cabral em 06/11/2007
Reeditado em 13/09/2008
Código do texto: T725307
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