O Trovador
“Acorda, patativa, vem cantar
Relembra as madrugadas que lá vão
E faz de tua janela o meu altar
Escuta a minha eterna oração
Eu vivo inutilmente a procurar
Alguém que compreenda o meu amor
E vejo que é destino meu sofrer
E padecer, não encontrar
Quem compreenda o trovador
.......................................”
(Vicente Celestino, in “Patativa”)
A luz da lua escorria, amarela,
dos beirais das casas e eu pensava nela...
Vi-me trovador e seresteiro,
dedilhando o violão, em acorde fino,
cantando, com o coração inteiro,
uma música antiga de Vicente Celestino!...
A luz da lua escorria, amarela,
dos beirais das casas, e numa janela,
a minha Diva escutava
(irônica ou emocionada?)
a canção que eu cantava,
de alma exposta na fria madrugada...
A luz da lua escorria, amarela,
dos beirais das casas, e ela,
para o meu espanto, desceu do pedestal
de Diva, e acenava para mim e sorria...
E, até hoje, não sei se esse gesto, afinal,
era de vaidade, paixão ou ironia!