HÁ UM PASSO DO SUICÍDIO I
Um corpo caído é teu corpo
querendo vestir o corpo da
vontade que o corpo teve perdida!
Teu mal adentra o sonho
do momento que viu ela nua
aberta vitrine à desforra
do momento que une instantes
antes de dizer o que pensava.
Dorme possuído do fim
O que espera de mim na
maldição do escuro infinito?
Ossos torcidos curvados
pele apodrecida vermes
enlouquecidos pelo pedaço
mais coberto de tuas vítimas!
A conspiração do ego
obcecado cria o espectro
no vidro da janela do quarto
silhueta de sol afina luz
no túmulo de lençóis suados
A noite foi bela e teve lua!
A corte cantou pra você dormir.
Você dormiu a noite toda?
O que são estas coisas
estranhas cores abaixo da cama
no piso molhado do que parece
sangue por estar escuro
Olhou o rosto pálido do sono
que ainda dorme nos olhos
do sono que entrou ontem
e ainda dorme nos olhos
Ele quer você de volta na cama.
Ela está vivendo tudo
que você ama e dissolvendo
tua agonia em cada gole
alcoólatra que esvazia o copo
E ele olha tua mão voltando
ao que ficou lembrado de
perfume e sede feitas pra
tomar o mundo a volta esquecido.