REFLUXO
REFLUXO
Meu corpo se enferma
De negar desejo
E minh’alma se deforma
Pelo rigor da norma
Se eu me insiro no poema
Não há nenhum dilema.
Mas, se o poema se enverga em mim,
Eu não penso ser gente.
De mim não sou nem indigente.
Que posso dizer
Se o amor aparente
Não ratifica sua patente,
Causando-me refluxos.
O céu está mais próximo
De quem abaixa as mãos
E devolve o sêmen
A uma flor murcha.
Nem todo mar
Se confunde com rio.
Se eu rio,
É só acaso,
Porque deságuo.