Esta longa espera antes do silêncio

Esta longa espera antes do silêncio talvez tenha um sentido:

É essencial que o amor amadureça, independente de cada estação;

É preciso que o amor sangre como os frutos caídos e prontos

Para serem beijados e colhidos pelas feridas deste árido chão.

É preciso que sintamos o perfume de nossa solidão

E a triste idade de nossos momentos de desamparo;

É preciso que mudemos de assunto ou enlacemos as mãos,

Assim, quem sabe, a vida se torna mais suportável.

Talvez aquela abandonada porta seja aberta

E teu corpo surja diante de velhos e novos silêncios,

E na febre dessa longa ausência em que vivemos

Possamos achar aquela palavra evitada, contudo certa.

Todos os minutos simplesmente existem

Para que teçamos motivos ou mentiras idealizados?

E talvez cada riso ou pranto seja tão incoerente

Como a aurora que surge ou a noite que despenca!

Meu Deus! Estamos completamente abandonados

Nesses oceanos de galáxias surdas e indiferentes.

Talvez nem existamos nestes dias irreais que nada falam,

Entre surdos rumores de beijos e confissões distantes,

Perante janelas que se abrem e vozes que se calam,

E cada minuto vai ficando etéreo, emasculado e tão errante.

Meu longínquo amor, não compreenderás jamais

Que as almas humanas nunca estão em paz?!!

Pois todos nós fomos feitos para o sofrimento

e nos enganar com certezas seja o nosso apaziguamento.

Quiçá haja um sentido nesta longa espera antes do eterno silêncio,

E tudo talvez exista somente porque logo mais tarde

A nossa noite será aberta como uma rosa sem alarde,

(E nesse possível, difícil e longo desabrochar sem despertar)

A gota sedenta de algum entendimento seja possível encontrar.

Acaraú, 07 de maio de 2021

20h08min

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 07/05/2021
Reeditado em 08/05/2021
Código do texto: T7250504
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