O que está em mim

Não, não é a falta de ti

Não se engane

É o excesso de mim

Que me faz como sou:

Livre das amarras sociais

Das quais todos me desejam presa.

Mas quebro os paradigmas

Afirmo o meu desejo

E passo a ser

O que está em mim desde sempre.

Desde sempre, meu corpo, meu prazer

Minha identidade.

Por mais que insista

Não me calo,

Arranho suas verdades

Desconsidero o seu ego

Destravo seus engodos

Sumo para depois ressurgir

Fênix

Dessa libido que me define.

Eu não me culpo,

Não te julgo

Pelo jugo do peso das suas palavras

Por mais que elas provoquem feridas

Em mim,

Faça agreste o meu coração

Dou um salto na vida

E me busco na atitude:

Sou possuída pela autoafirmação

De amar as minhas iguais

E no cais em que me encontro

Embarco ao encontro de mim

Como embaixadora do que sinto e do que sou...

Porque sou prazer

Dou prazer a quem me entende e respeita

Minha cama desfeita

Diz respeito a mim

Dorme nela, ao meu lado,

A carne que me deseja

Como eu desejo ser saciada

Aparte isso, nada me resta dizer...

Seu preconceito é vil,

Seu discurso, uma lástima...

Sou sapata, macha, caminhoneira...

Sou bota, sandália, saboeira...

Sou charque, bolacha, sapatão...

Mas no meu coração só entra

Que se permita igual

A mim...

Porque sou desse jeito

Exijo respeito, dignidade

Para minha orientação...

Ao mais, encontre seu cais,

Corra atrás de você

Porque, de mim, eu já sei

E não vou me render às suas neuroses

Jamais...