A VIDA (ao pé da letra)
Sentia-me infeliz, vítima de destino traiçoeiro
Consultei o velho bruxo feiticeiro
Atenda-me apenas um pedido
Diga-me, ao pé-de-letra, parceiro...
“O que é a vida, companheiro?”
A vida, ao pé da letra, é simples assim:
Não basta sorte e levantar com o pé-direito
É preciso força de vontade e muito jeito
Insistir em seus sonhos até o fim
Imagine possível voar igual ao pé de vento
Dançar noites inteiras, o par, um pé de valsa,
Cochichando delicadezas ao pé do ouvido
Desfrutar inteiramente cada momento
A vida é...
Sentir a liberdade nos pés descalços
Sair por aí driblando os seus percalços
Ter um pé-de-meia, tirar o pé da lama
Fazer a fama, depois deitar na cama
Errar, às vezes, metendo os pés pelas mãos
Não há vergonha e se precisar, colocar o pé atrás
Quando uma paixão lhe der um pé no traseiro
Juntar e colar os pedacinhos...
Ver novos horizontes, novos caminhos
Rodinhas nos pés, pôr os pés-na-estrada
Enfiar o pé-na-jaca...
Até...
A hora das honrarias, desfrutar de seu castelo
Prestes a bater com as dez, rumo ao pé-na-cova
Ao ouvir dizer: “Lá vai um da pá-virada!”
Reagir, subindo na ponta dos pés: “Aqui, ó... Uma ova”
Distancie-se desses pés-de-chinelo!
Solenemente, conte um, dois, três, abracadabra...
Novamente, um, dois, três, abracadabra...
Outra vez, um dois, três, abracadabra...
Caso a porta, realmente, não se abra
Procure um pé-de-cabra,
Ponha-se em pé-de-guerra,
Responda: Azarados, pés frios...
Vão... comer pé-de-moleque
Cuidar de seus pés-de-galinha
Perca a paciência:
“Pêquepe, bando de fedapê!”
“Larguem do meu pé...
“Que pé no saco”...
Querem que eu saiba o que é a vida...
Outro pedido!