POENTE DA VIDA
Meu poente da vida é mama suculenta
da qual sugo por onde ir, por onde recuar,
na qual me vejo agigantado e feliz.
É tempo reluzente, vasto, orquestrado,
em que colho frutos, gostos, aromas,
tudo digerido numa golfada só.
Esse poente traz rebarbas, sonhos puídos,
traz máscaras que obrigaram untar,
traz medos que obrigaram cerzir.
Traz também certezas fugazes de mim,
traz verdades que ostento com orgulho,
traz rimas e arremates desarmados, aprumados.
Nesse poente avisto o fim da linha,
quando baixarão as cortinas de vez,
quando não terão mais dias a cumprir,
nem a cortejar.
Então só me restará afrouxar a alma,
respirar fundo com todos senões sanados
e ir ao encontro do nada triunfal.