Brasis injustos
Comi tirania
Feito letra miúda nesta vida.
Ofuscado pelos holofotes do medo.
Reguei tudo na horta do segredo,
No fundo do quintal.
Dancei entre serpentes.
Fogo/faca/espinho.
Dormi no ninho das águias rapinas,
Erva daninha, renasci da ferida,
Entre pedras/vidros de ponta/sabres e ruínas.
Destilei vida de infectos rios,
Matei a sede na sabedoria inculta
Na ciência, da letra de sábios antigos...
E vivi assim,
Entre ruidosos covardes delatando sirenes.
Sangue, tortura,
Semente guerrilheira que não brotou.
Como um cego tateei luz,
Como um tauregue eu quis água.
Deserto eu me vi...
Assim que eu me criei
Aprendendo história nas ruas destes brasis injustos.
...
Célio Pires