ESQUINA

Derramai sobre as vestes que tu vestes

assim, sem dizer

o calor virgem de um beijo.

Deixai mão cálida sobre a face

e sem disfarçar a graça

do atrito de duas peles que se olham,

verás a luz despencar dum abismo

a última lágrima aflita.

E ainda sob a mesma face

e mão cálida, que o ar da ventura

ruja e peque

enquanto as sombras se espalham

como um cobertor que acolhe o dia.

Que venha a chuva,

a mansidão e o grito!

Que todas as promessas

sejam cumpridas!

E que tudo, tudo

seja entregue nos braços da liberdade,

porque por mais que gema o gozo da carne

por um fio de prata e de sangue,

é a alma quem escreve o destino.

Por isso,

na próxima esquina

(cuidado)

há outro universo.

Sivaldo Souza
Enviado por Sivaldo Souza em 02/05/2021
Código do texto: T7246781
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