EU NÃO ACHO NORMAL
Eu não quero achar normal
O mal que acontece com freqüência,
E por mais que seja diária violência,
Eu nunca vou achar que é natural.
Quero continuar me indignando
Diante da inversão de valores,
Do contrário estarei legitimando,
A ação dos infratores.
Quero me horrorizar com a corrupção,
Estupros, mortes, atropelamentos
Assaltos, fome, homicídios e aliciamentos
Analfabetismo, pedofilia e prostituição.
Quero continuar sendo honesta,
Sem por isso ser ridicularizada,
E vou sempre levantar a voz em protesto
Contra quem achar que estou ultrapassada.
Quero usar o orkut, msn, e-mail, celular,
Mas apenas para solidificar a relação
Nascida da empatia, respeito e admiração
Seja na rua, escola, trabalho ou outro lugar.
Não acho que para ser moderna, atual,
Eu tenha que achar que tudo é natural,
Que crimes contra a vida e a impunidade,
São conseqüências naturais da modernidade.
Quero sim, me espantar diante da dor,
Chorar de emoção, acreditar no amor
Defender a família e suas tradições,
Independente de raça, ideologias ou religiões.
Quero sentir orgulho da verdade,
Lutar por minha felicidade,
Mas sem nunca perder de vista
Que a justiça é uma conquista.
Eu quero ficar insatisfeita
Diante do dever não cumprido;
Não, eu não quero ser perfeita
Quero apenas a sensação de ter vivido!
Quero ter o direito de não achar tudo natural...
Mesmo correndo o risco de ser considerada
Uma pessoa careta, jurássica, ultrapassada;
Prefiro isso a acreditar que ser desonesto é normal.