PROSTRADO
Com os braços estendidos,
Cansado de guerras,
De lutas,
Dos vícios.
Nestas terras
Sangram os dias perdidos.
Os sonhos de nuvens,
Sombras serão.
Os que nasceram então
Trarão lágrimas no colo,
Nos seios
A canção da fome.
Nas mãos
O grito enraizado
Em tudo o que não germina.
O colo das mães
De mãos vazias,
A vida soprando morte na coxia.
O laço forte,
Tantos nós,
Quanto nós.
Poeira sobre a pétala,
Sol quente sobre a pele,
Sobretudo, a dor.
Eis que marcham
Soldados em suas próprias solidões,
Corações de asfalto e aço.
No compasso, metal
Sobre a mesa,
A sorte,
Se possível for.
Qual a cor veste a vida
Na sofrida aflição?
Passo a passo,
O espaço entre o tempo
E o adeus.
Onde estarão os seus
Quando os corações
Se negarem a bater?
Outros dias virão
E o que se viveu
Será esquecido.
Chamarão de passado
E só quem passou saberá,
Que o futuro não é nada
Além da réplica do amanhã.
Mário S.S. Andrade – 27/04/2021