A DISTÂNCIA NOS SALVA

Ninguém é inviolável, não sou. Foi a última mensagem que leu naquele dia; concisa e reta como quem retorna a missa... sentou-se ao chegar em casa, pensando o inferno do que pouco fizera, no miúdo caminho seguido; na intenção que nos mata e retorna a alma ao encontro do enxofre.

Pegou o computador! Volta a sentar na escada - o risco de queda ao velho joelho vive a atormentando, pelo fato de não usá-los nas outras situações, em outros acontecimentos vulgares. Deve ser o destino pensou ela, lendo, se dedicando a e-mails sem lucros carnais, pensando num primo distante, que não serviu para muita coisa por perto e agora é lembrado com arrependimento.

A distância nos salva. Era hino de guerra em seus ouvidos, um bisturi atravessando a moral de uma família judaica-cristã que vencera seus erros, fazia até assistencialismo nos fins de semana visitando crianças, dando atenção aos idosos, forçando os anos contra sua vontade.

Entretanto, a força do esquecimento tornou-se visível, por não praticar tanto assim sua intensidade de enredo as normas rotativa de querer atribuir os atos não consumados. Talvez apenas uma mulher entenda a mente de uma outra mulher.

Não é não? Sim é talvez? A distância nos salva, leu isso em algum outdoor atravessando a cidade vizinha, quando parou o carro, o som já desligado, se pegou outra vez lembrando o que não fez. Invejava quem vivia se arrependendo pelos cantos... nem para isso foi útil.

Deu dois gritos bem fortes " a distância me fode ". O segundo foi a repetição tocante do primeiro, quis retroceder o gozo, o gozo que não teve nas mãos, nas entranhas, escorrendo por seu corpo - logo após passa um carro devagarinho... " olá senhora, cuidado para não ficar por aí muito tempo sozinha ". Ela responde com fileza - no máximo o que pode me acontecer? Ele após expirar gás carbônico produzido pelas células responde - Pensar nos arrependimentos.