Hora da Xepa
É hora da xepa,
Caço palavras como frutas,
Procuro as suculentas,
Para rimas maduras.
Mas final de feira,
Levaram as complexas,
Vistosas aos olhos,
Que dá nó na mente,
Mas que poucos entendem.
Fico eu a escolher a com "preços" populares,
Basta ler para entender,
Não é necessário auxílio,
Ou ajuda para devorar.
Hora do preparo!
Coloco as palavras para cozinhar.
O meu tempero é simples,
Canto as rimas,
Saboreio o gosto,
Um pouco de sal,
Vezes pimenta,
Um ardor dá um gostinho,
E uma certa aderência.
É coisa caseira,
Se a fome aperta,
Escrevo na tela,
Ou papel e caneta.
Uso o que trouxe da xepa,
Que todos entendem,
E pouco se vende,
Satisfação em algumas frentes ,
Barriga vazia e cheia a mente.
Sou da estirpe do povo de baixo,
Vezes falta sofisticação em meu vocabulário,
Mas o alimento é bem preparado,
Tudo cuidado,
Garanto um bom prato.
Sei que tem gente que ao paladar não agrada,
E que tem os que não gostam de nada,
Ainda há crítica,
De forma aberta ou velada,
Fazer o que?
Que se fartem de palavras sofisticadas.