Transbordo em silêncio
Eu não choro.
Transbordo em silêncio, solitário.
O que faço é virar barreira
Seguro a represa
Solto a conta gotas
As memórias
O sentir demais
O pensar demais.
O que faço é me permitir minimamente sentir
Sentir o menos possível
Segurar o máximo
Levar o mundo arrastado
Levar o tudo, o universo
Eu só me arrasto em conta gotas
Pingo a pingo pra não transbordar
Um a um, pra não deixar aparente demais
E de lágrimas em lágrimas, de gota em gota
O mar se enche e chega a maré alta.
E eu transbordo em silêncio, solitário.