Meretriz
A falsa puritana dava na cara de quem lhe acusava
Dava de costas, de frente e de lado
A quem bem entendesse, a todo coitado.
Mas não assumia seu lado pagão
Era da imagem de santa e do lar
As aparências, seu preço invulgar.
Seu nome deitava nas rodas e línguas
Seu corpo era dado a estranhos ou não
A casta repousava em sua face para dar sermão.
Fabricava sorrisos afáveis e nobres
Não se traía em gestos ou palavreado
Acreditava enganar a muitos pobres coitados.
Mas quem trai a cara da gente é a língua do povo
Poderia ser fingida com quem não se deitasse
Que deitavam sobre ela os relatos fugazes.
Acreditou que na vida de santa
Poderia ser para sempre uma atriz
Mas cidade inteira sabia de sua fama de meretriz.