EMBOSCADA DE MIM
Perdão pelo silêncio...
Por este presunçoso afã de indulto.
Não se trata do êxodo,
Senão de uma emboscada
Que tramam sempre, minhas duas partes.
São as palavras que não tenho,
O testamento inacabado,
E a dívida que perdura,
Neste vício refinado de luz e contragolpe,
Na voragem que refrata a luz.
Eu do outro lado,
Do outro lado eu.
Por essa desesperada pretensão
De justificar a cifra,
O vértice impossível que não tenho sido,
Que me desonra e me assola.
Assim recluso fico,
Em meu roteiro voraz:
A fracassada apelação à uma palavra,
Que nem sempre alcanço,
E que teimam em me fazer,
Um peregrino
Entre ruínas e murais.