Noites em que mastigue cactos em carne viva.

Ela sempre foi meio doidinha.
Mas eu não sabia das coisas.
A última vez que a vi, soube que estava com alguém.
Embora não lembre seu sobrenome, tudo parece ser claro.

Agora, que estou sozinho,
passo a lembrar das coisas que deixei passar.
Que ignorei, que deixei fugir entre minha timidez.
Nunca me esqueci de você.

Embora não sei como aconteceu.
Eu era imaturo, jovem demais pra saber o que iria acontecer.
Apaixonado por outras curvas em cachos de cabelos.
Me perdi, e fiquei sem nada.
Sem nada.

Não sei mais dormir.
Nunca mais tive paz.
Eu não soube das escolhas,
e é você quem traz e quem trouxe,
meus castigos subiram à tona na colcha.

Não há mais corpos pra repousar.
E ninguém, absolutamente ninguém lembra mais de mim.
Te perdi pra sempre no tempo,
meu maior inimigo.

Aperta.
Sua memória estava lá, bem quieta,
bem guardada na gaveta.
Bebo algum vinho,
lhe lembro de repente.

Não sei se era “Alves”. Com “T” ou “H”,
ou se era "Reis".
Só sei que era minha “Cruz”.
 
Poema da obra: Sardas&Mostardas.
 
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