AVENTURANDO POR AQUI
Minha aventura por essa terra se diz arteira,
se faz fuçadeira por novos chãos, novos açudes,
novos ninhos.
É caminhada enviesada, faminta, disposta a
destituir medos, driblar vertigens, debandar senões.
Assim vou alinhavando os ossos dessa cruzada,
por vezes insana, por vezes cruel, por vezes maravilhosa.
No repente do dia afloram terremotos, barragens estouram,
cordas de sustentação esgarçam, o vento começa a ruir.
Então desmoronam sonhos, degraus, falanges de fé.
Desmoronam reis, ecos, roteiros, trilhas. Tudo.
Isso sacode minha alma até ficar inteiramente puída,
plenamente afônica, unicamente desmatada.
Que dor invade todos quintais, que desespero aterrissa
no meu olhar, que desolação assobia cheguei enfim.
Daí dá vontade de trincar todos ossos, esmigalhar o suor,
destituir a vida que insistia em viver.
Quando tudo parecia apodrecido, estraçalhado,
desalojado de si, vem a luz. Ufa!
Do nada surge o barco salva-vidas que manda estancar
o malvado, o atroz, o indevido sentir.
E posso voltar a respirar, tal guerreiro protegendo os céus,
tal rochedo de sangue sábio, apetitoso e
exaustivamente vencedor.