AI DA MINHA VIDA
Corujas fazem ninho na minha cabeça
Centelhas chispam dos meus olhos
fogo do meu ventre.
Apresso-me para chegar ao mar.
Sinto as entranhas a esturricar
e o mar ainda tao longe...
Ai da minha vida, quem me acode.
Todos fogem da louca em fogo!
Louca?
Eu é que sou louca ?
Então e a besta,
que sem um pingo de complacência
está a espalhar o terror pelo mundo?
Então e a besta,
que de foice em punho,
ceifa vidas humanas,
como quem ceifa erva para dar aos bois?
A gente não a vê...
Fazemos de conta
que está tudo bem, não é?
Desde que não chegue a nossa vez...
Eu ironizo
mas tenho raiva
desta maldita indiferença,
deste maldito vírus.
Ai da minha vida
que não encontro a palavra certa
para tão grande aflição!
Eu rezo para que ela suma da face da terra
Porque sei que está tudo mal.
Porque sei que a fome e a miséria
assolam o mundo
Porque sei que a sobrevivência de todos
Está em risco!
Prefiro mil vezes
Que me chamem louca!
©Maria Dulce Leitao Reis
Copyright 23/04/2020