NOITE FRIA

Garoa fina batendo nas folhas,
O cheiro de terra molhada
E a lua escondida, encantada,
E eu esperando que tu me acolhas.

O frio do tempo nesse mistério da noite
O lado da cama vazio parece açoite,
Para um corpo sedento de calor
N’essa frieza da noite, propício ao amor.

E ao abrir da janela, eu conversei com o vento
E disse: oh, vento! Tu que me trouxeste o frio,
Trouxe também o “cio”,
Para este vazio,
Que me faz calor!

E o vento me respondeu em disparada,
Com repentina estrupada:
Que culpa, tenho eu!
Se o romantismo se perdeu,
E esfriou?

Fechei a janela
E pensei alto: que resposta foi aquela!
Que o vento me deu?

Que culpa, tenho eu!
Se ela não veio
E a noite fria se perdeu?
                                              Ênio Azevedo
 

Noite fria no Nordeste
é difícil acontecer
pode ser lá no Sudeste
antes do alvorecer.