Manifesto Dadaísta
A Manuel Bandeira e Tristan Tzara
Átonas e tônicas
Breves e longas
São as sílabas que meço
Ou não
Escrevo como quero
E faço o que me der na telha.
Vamo cantar, Bandeira
Todas as bandeiras
Todos os ritmos
Sobretudo os "inumeráveis".
Vamo reduzir o verso a uma só palavra,
A uma letra, ou mesmo a pó
Vamo se indignar, sim
Com o bem comportado
Que não se atreve a cuspir
O que tá entalado
Vamo amar prostitutas
Não mulheres da sociedade
Vamo beber cachaça, em vez de vinho
Vamo convidar Tzara
Pra se sentar com nóis nesse chão imundo
Vamo jubilar a arte que não é arte,
É apenas mijador, fedorento,
E mulher velha e acabada
Vamo mergulhar na fossa
Não na piscina.
Vamo dar espinhos
Não pétalas
Vamo ser o que nóis é
E o resto que se dane
Vamo fingir como Fernando
Não como pessoa.