Manifesto Dadaísta

A Manuel Bandeira e Tristan Tzara

Átonas e tônicas

Breves e longas

São as sílabas que meço

Ou não

Escrevo como quero

E faço o que me der na telha.

Vamo cantar, Bandeira

Todas as bandeiras

Todos os ritmos

Sobretudo os "inumeráveis".

Vamo reduzir o verso a uma só palavra,

A uma letra, ou mesmo a pó

Vamo se indignar, sim

Com o bem comportado

Que não se atreve a cuspir

O que tá entalado

Vamo amar prostitutas

Não mulheres da sociedade

Vamo beber cachaça, em vez de vinho

Vamo convidar Tzara

Pra se sentar com nóis nesse chão imundo

Vamo jubilar a arte que não é arte,

É apenas mijador, fedorento,

E mulher velha e acabada

Vamo mergulhar na fossa

Não na piscina.

Vamo dar espinhos

Não pétalas

Vamo ser o que nóis é

E o resto que se dane

Vamo fingir como Fernando

Não como pessoa.

Rogério Freitas
Enviado por Rogério Freitas em 20/04/2021
Código do texto: T7236678
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